quinta-feira, 7 de abril de 2011

SEM LIMITES PRA PEDIR


É quase impossível freqüentar um culto evangélico sem ser constrangido pelo exagero e apelo na hora de persuadir os fiéis a fazer doações. Posso te dizer sem sombra de dúvidas que não há mais limites nem vergonha na cara dos grandes líderes para pedir. 

Pedir oferta está para os líderes evangélicos assim como usar drogas está para um viciado. Começa com pouco, só para experimentar. Por exemplo, um pastor discreto  certo dia percebeu que ao citar determinado versículo bíblico ou emocionar a platéia com algum apelo teatral fez com que aquele culto gerasse maior renda. Então, com medo de represália dos fiéis, não repete tais atitudes, mas aquilo fica na cabeça desse pastor. Num culto de domingo lotado ele não resiste e prega sobre Abraão ter entregue Isaque,  depois Deus providenciou o cordeiro, e no final desafia os fiéis a entregarem o Isaque para Deus prover o cordeiro, ou seja, a vitória. Com bastante senso teatral, a música certa, como discurso eloqüente o tal pastor vê a oferta triplicar naquele domingo. Desde então cada pregação tem sido uma justificativa para arrancarem mais e mais grana dos fiéis.

Eles não têm limites, certa vez havia uma campanha na “Igreja” Universal do Reino de Deus que, da mesma forma que Maria gerou Jesus – o sacrifício perfeito, desafiou os fiéis a “gerarem” o seu maior sacrifício e entregarem no altar. E sem titubear eles dão. E dão muito! Nada na vida dessa gente muda, mas eles dão, mais e mais. É a esperança que nunca morre, é as esperança numa força sagrada que irá recompensar em dobro, em triplo, 7 vezes mais todo o dinheiro dado no “altar”. 

A moda agora é chamar oferta de semente. Renê Terranova, Silas Malafaia, entre outros tem seguido essa mesma cartilha. Mas quem prospera é somente eles, que compram aviões, carros importados, esbanjam suas riquezas enquanto os assalariados entregam o pouco que tem e nada muda em suas vidas.

Bispa Sonia no presídio.



É necessária uma revolução, é sério! Algo intenso no seio evangélico, uma ação do Espírito Santo assim como em Lutero. Porém acredito que até Lutero encontraria dificuldades para reformar o atual panorama. As pessoas se entregam, e entregam tudo de sim. Os crentes não se entregam apenas financeiramente, mas também ofertam o seu emocional a ponto de verem seus líderes sendo presos com dólares escondidos na Bíblia e condenados por várias maracutaias (caso do casal Hernandes da Renascer) e permanecerem fiéis e mais apaixonados ainda. Esses líderes são o bezerro de ouro de um povo que se diz crente mas se fé nenhum no Filho de Deus. 

Se a mídia denuncia os fiéis alegam que é perseguição religiosa, ou que é o diabo, etc... Mas, na verdade, tem que perseguir mesmo, afinal de contas ser líder de instituição religiosa é uma resposabilidade muito grande e exige da pessoa uma conduta ilibada e sem manchas. Essa conduta ética não é só exigida pela sociedade, mas é uma ordenança bíblica.

Mas a cara de pau é impressionante, com a desculpa de evangelizar se pede ao extremo com promessas de riqueza. Pra falar a verdade, nem vejo problemas no pedir oferta, afinal de contas é uma prática bíblica. O que me incomoda é a motivação, as promessas, e o conceito de barganha em que se transformou essa prática, sem falar no exagero para pedir. Na cabeça dos fiéis há um raciocínio tipo "pós e contra", por exemplo, o crente perde uma quantia ofertando, mas depois ele vai ganhar mais mesmo.

Em Cristo, que não precisa do seu dinheiro,
 

Felipe Oliveira Almada

2 comentários:

  1. Excelente análise. Uma visão bem esclarecida dos fatos. O mais terrível é que o discurso dessas pessoas é extremamente persuasivo e em geral, eles mesmos tentam acreditar em suas próprias mentiras para poderem lidar com sua prática e consciência.

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  2. As ofertas bíblicas e o dizimo eram bem diferenciados de hoje. Se analisarmos bem, veremos que não temos obrigação de dizimar, como todos os pastores ameaçam (com Malaquias 3.10 e outras passagens), pois o dizimo é do tempo da Lei, e para o povo Judeu especificamente, e nunca jamais foi dinheiro, sempre foi o resultado das colheitas ou da criação de animais, ou seja, sempre foi mantimento, e para a tribo de Levi, e para o serviço do Templo.
    Quanto as ofertas citadas nas cartas de Paulo, eram mantimentos para os Cristãos carentes de Jerusalem, e nao dinheiro.
    Mas hoje, tudo é feito em nome do deus-dinheiro(mamon)!

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